A WICCA E A SEXUALIDADE
Existem igualmente diversos grupos e tradições de homossexuais, quer masculinos quer femininos, que encontraram na Wicca um lugar onde podem exprimir livremente as suas sensibilidades, com total aceitação pelos membros da restante comunidade.
Esta participação é considerada importante pela sua grande contribuição em termos de uma abertura a novas idéias e a sensibilidades sociais minoritárias. Embora a grande maioria dos Wiccans seja heterossexuais que exprimem o ênfase especial dado à polaridade entre a Deusa e o Deus, há entre os membros desta religião uma grande necessidade de encontrar novas respostas e novas perspectivas para o papel dos sexos nas nossas sociedades.
Relativamente a este último aspecto e num clima de aceitação e respeito pela diferença enquadram-se aqueles que têm uma atitude diferente da que foi estabelecida pela sociedade em geral.
A WICCA E OS HOMENS
Embora homens e mulheres compartilhem do poder da magia, a palavra Witch tem estado mais comumente associada a mulheres do que homens, no entanto, os homens na Arte são também denominados Witches (Bruxos).
A Deusa também é importante para os homens. A opressão dos homens no patriarcado governado por Deus-Pai é talvez menos óbvia mas não menos trágica que a das mulheres. Os homens são encorajados a identificarem-se com um modelo que nenhum ser humano pode, com sucesso rivalizar: serem pequenos governantes de universos limitados. Eles vivem uma divisão interna, com um "espiritual", que supostamente, busca dominar as suas naturezas emocional e animal primárias. Lutam consigo mesmo: no Ocidente para "dominar" o pecado; no Oriente, para "dominar" o desejo ou o ego. Poucos escapam desses embates sem prejuízos. Os homens perdem contato com os seus sentimentos e corpos transformando-se nos "apáticos homens bem-sucedidos".
Porém visto que são as mulheres que dão à luz aos homens, amamentam-nos e em nossa cultura são responsáveis pela sua guarda enquanto crianças, "todo homem criado em um lar tradicional desenvolve intensa identificação com a mãe e, conseqüentemente, traz consigo uma forte impressão feminina. O símbolo da Deusa permite que os homens experimentem e integrem o lado feminino de suas naturezas, que com freqüência, prova ser o aspecto profundo e sensível, normalmente escondido. A Deusa não exclui o homem; ela o contêm, assim como a mulher grávida contém um filho. O lado masculino incorpora tanto a luz solar quanto a energia animal selvagem e indomada.
Porém, durante a "Era das Fogueiras", 80% dos milhões de pessoas que foram queimadas vivas por prática de feitiçaria eram mulheres. Ainda hoje, a maioria dos praticantes da Arte são mulheres, embora esteja aumentando o número de homens.
Há boas razões para pensar na Feitiçaria como uma Arte feminina. Pois na verdade o poder de uma Bruxa está em ocupar-se com a vida num sentido mais amplo, naturalmente as mulheres estão biologicamente mais envolvidas na geração e sustento da vida do que dos homens. Porém o espírito dos novos tempos está levando homens e mulheres a restabelecerem uma maior ligação com os mistérios da vida que se encontram nos ritmos naturais da mulher, da Terra e da Lua, pois os mistérios da vida são verdadeiramente os mistérios da magia.
Assim, às portas do terceiro milênio não é uma coincidência, que mais e mais homens estão se fazendo presentes no momento do parto e começam a assumir responsabilidades na assistência ao bebê recém-nascido. Daqui para frente maior também será o número de homens que se começarão a se interessar pela Arte. Na verdade a Deusa devolveu à mulheres e homens sua dignidade e grandeza humanas, sendo que puderam nela se reconhecer como partes igualmente importantes da divindade, tendo o mesmo direito ao poder e à fragilidade.
A WICCA E O FEMINISMO
A opressão exercida pelo patriarcado se estendeu por toda a Terra. Na Bíblia judaico-cristã, Deus diz: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se arrasta sobre a terra" (Gênesis, 1:26). Mais adiante, se lê: "Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra" (Gênesis, 1:28). Justifica-se, assim, toda ação depredatória, de conquista e sujeição "em nome de Deus".
Já o paganismo, centrado na Natureza, valoriza os ciclos e a geração da vida. Sugere uma aproximação do matriarcalismo das primeiras sociedades humanas, quando a descoberta da agricultura pelas mulheres foi responsável pela fixação dos grupos humanos em torno das plantações e pelo surgimento dos primeiros clãs. A observação dos ritmos e da fecundidade da terra inspira respeito e propõe uma relação de cumplicidade entre masculino e feminino, simbolizada pela relação entre Deusa e Deus.
Daí para uma aproximação com os ideais feministas foi um passo. Porém, embora a religião esteja focada na Grande Mãe, é preciso lembrar que Feminismo e Wicca não são sinônimos, e nenhum desses conceitos está contido no outro. Existem grupos, como o Diânico, que se dedicam a honrar apenas deusas, e há mesmo aquelas que só aceitam mulheres em seus covens; isso faz parte da individualidade e liberdade de culto características do Paganismo. Mas o sentido maior da identidade pagã é justamente o de liberar homens e mulheres de seus papéis rígidos e estereotipados para que possam viver em comunhão entre si e com o Universo.
Muitas feministas porém, exploram a sua espiritualidade no contexto do cristianismo ou do judaísmo e, nessas tradições, novas portas foram abertas às mulheres, apesar de que, obviamente, existam muitas batalhas a serem vencidas. Outros utilizam-se das tradições da Deusa de várias culturas ou preferem criar os seus próprios rituais sem se identificarem com qualquer tradição específica. Pagãs e até mesmo Bruxas podem ou não ser feministas. Muitas pessoas voltam-se para tradições ligada à terra, para a celebração de ciclos sazonais e para o despertar de dimensões de consciência mais amplas, sem uma análise de interação, de poder e sexo.
A aproximação entre Wicca e o movimento feminista começou no final dos anos 60. Ativistas dos direitos das mulheres perceberam no paganismo uma proposta de novos valores sociais, em oposição ao caráter rígido e conservador das religiões tradicionalmente apoiadas em figuras masculinas, onde Deus, os Papas, pastores e a maioria dos santos, profetas e iluminados são homens. Esse predomínio masculino inibiu a expressão de valores femininos como a beleza, a intuição e a livre manifestação de sentimentos que, por não se encaixarem nas religiões patriarcais, foram identificados com o a ação do demônio.
Segundo a "Wiccan Rede holandesa", muita gente é atraída pelo papel da mulher na Arte. Claro que as mulheres saúdam a oportunidade de se envolverem ativamente num movimento espiritual - e os homens vêem a Arte como uma oportunidade excelente para exprimirem a sua "feminilidade".
Nos países protestantes onde dificilmente há lugar para a expressão dos valores femininos e onde não existe qualquer figura feminina com caráter sagrado, esta perspectiva matrifocal da Wicca, contribui para a sua divulgação tanto junto dos homens como das mulheres.
Este envolvimento tem aspectos curiosos, pelo menos nos EUA, onde foi dado um grande impulso ao Paganismo quando, nos anos 70, grupos de feministas radicais começaram a participar ativamente no movimento. As feministas, cuja atividade era essencialmente política e que até aí mantinham uma atitude de desconfiança em relação aos valores religiosos, começaram a aliar as ações com objetivos de transformação político-social com vista a uma maior igualdade entre os sexos nos aspectos místico–simbólicos. Para isso, nada melhor que uma religião centrada numa Deusa e em que os valores e símbolos femininos são os mais importantes.
A WICCA E O "DIABO"
"O Demônio é o Deus Inverso", esta frase simbólica, em múltiplos aspectos, é certamente perigosa e iconoclasta aos olhos de todas as religiões dualistas, ou melhor, de todas as teologias modernas, e principalmente o Cristianismo.
Entretanto, não seria justo nem correto dizer que foi o Cristianismo que concebeu à luz a Satã. Satã sempre existiu como o "Adversário", o poder oposto exigido pelo equilíbrio e a harmonia das coisas no Universo, assim como é necessária a sombra para ressaltar a Luz, a Noite para dar relevo ao Dia, e o Frio para que melhor possamos apreciar o aconchego do calor.
A homogeneidade é una e indivisível. Mas se o homogêneo Uno e o Absoluto não é uma simples figura de retórica, e se o heterogêneo, em seu aspecto dual, é o produto daquele, sua sombra ou reflexo bifurcado, então a heterogeneidade Divina deve encerrar em si mesma a essência do bem e do mal. Se "Deus" é absoluto, Infinito e a Raiz Universal de tudo o que existe na Natureza e no Universo – de onde provém o Mal ou o Demônio, senão da própria matriz áurea do Absoluto? Assim, ou temos que aceitar o bem e o mal, Agathoedaemon e Kakodaemon como ramos do mesmo tronco da Árvore da Existência, ou temos que nos resignar ao absurdo de crer em dois absolutos eternos.
A Antigüidade não conhecia nenhum "Deus do Mal" isolado, que fosse completa e absolutamente mau. O pensamento pagão representa o bem e o mal como irmãos gêmeos, nascidos da mesma mãe. Na Natureza, tão logo esse pensamento deixou de prevalecer tornou-se arcaico, a Sabedoria se converteu em Filosofia. Os antigos filósofos, hoje secundados pelos cabalistas, defendiam o Mal com o "reverso" de Deus ou do Bem. Demon est Deus Inversus é um dos mais velhos adágios. Em verdade, o Mal não é senão uma força cega e competidora na Natureza; é a reação, a oposição e o contraste. Mal para uns, Bem para outros. Não existe o "mal em si"; o que existe é a sombra da Luz, sombra sem a qual a Luz não poderia existir .
Porém quando o Cristianismo e as antigas religiões naturais se chocaram na Europa, os missionários usaram a imagem do Divino Filho, o Deus Cornífero das comunidades pagãs como representação do Satã Cristão. Com o tempo, qualquer figura ornada de chifres invocava imagens de maldade satânica.
Ironicamente, o uso de chifres como símbolo de honra era costume generalizado que teve a sua origem, como vimos , nas culturas caçadoras neolíticas. Mais tarde,o "Capacete Cornífero" acabou sendo estilizado como a coroa real. Isso foi um desenvolvimento lógico, visto que um caçador repetidamente bem sucedido assumia na tribo um papel cada vez mais proeminente e respeitado, o que evoluiu para classificação de cacique ou de rei.
Porém, o uso de chifres era um costume generalizado que não se limitava às sociedades caçadoras neolíticas. Os antigos deuses gregos (Baco, Pã , Dionísio) eram representados com chifres, assim como Diana, a caçadora, e a egípcia Ísis. Alexandre Magno e Moisés, que não eram deuses, foram homenageados entre os seus seguidores com chifres. Os chifres eram uma representação física da luz da sabedoria e do conhecimento divino que irradiava deles ( à semelhança de halos).
O Deuteronômio diz-nos que "A glória de Moisés é como o primogênito de seu novilho, e seus chifres são como os chifres de unicórnios". Os chifres também foram usados em elmos gregos, romanos e italianos até o século XIV como símbolo de força e coragem.
Vale a pena ressaltar aqui também que, nunca pessoas foram sacrificadas dentro da Bruxaria; porém foram sacrificadas em nome dela! As mulheres sim, vertiam o seu próprio sangue mensalmente e arriscavam a morte a serviço da força vital a cada gravidez e parto. Por esta razão, seus corpos eram considerados na Antigüidade como sagrados e mantidos inviolados.
Infelizmente, jornais, filmes e televisão (em busca de números altos de audiência), continuam até hoje perpetuando a associação da Feitiçaria e a Religião da Deusa com o terror e o sacrifício humano. Cada assassino do tipo de "Charles Manson", é chamado "bruxo". Psicopatas declaram praticar Feitiçaria com ritos degradantes e, às vezes, conduzem pessoas ingênuas a acreditarem neles. A Feitiçaria, vista como uma religião, pode não possuir um credo universal ou uma língua definida, mas em alguns pontos há unanimidade. Nenhum Bruxa ou Bruxo verdadeiro pratica o sacrifício humano, tortura ou alguma forma de assassinato ritual, nem mesmo de animais. Qualquer um que o faça não é um bruxo e, sim um psicopata.
Depois de toda esta explicação preste atenção: "O Diabo não é venerado e nem reconhecido pelas Bruxas." O Diabo é venerado apenas pelo Satanismo, que é um culto Anti Cristão. Como a nossa religião já existia muitos milhares de anos antes do Cristianismo deixaremos bem claro que não temos nada a ver com o Diabo ou com os Satanistas.
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